Os filtros de cigarros, também chamados de bitucas, são o
lixo mais comum em qualquer lugar do mundo. Fumantes que jogam essas bitucas de
cigarro em lugares públicos é uma cena que se repete constantemente,
principalmente em cidades onde é proibido o fumo em ambientes fechados. Calçadas,
praças, parques, ruas e até em rios e praias, são vistos esses resíduos.
De acordo com a ONG Cigarette
Litter, são jogadas anualmente cerca de 4.5 trilhões de bitucas em espaços
públicos. A Aliança de Controle do Tabagismo do Brasil (ACTBR) afirma que
são produzidas 2,1 bitucas de cigarro por habitantes do planeta, e se forem
considerados apenas os fumantes esse número salta para 7,7 bitucas por pessoa.
As bitucas de cigarros são um resíduo tóxico, uma vez que em
sua composição possuem alcatrão, substancia cancerígena. E entre outros prejuízos
ambientais lembramos que as bitucas demoram cerca de cinco anos para se
decompor na natureza. Alem disso, podem causar incêndios quando descartadas
ainda acesas, hábito comum entre muitos fumantes. As bitucas entopem galerias
pluviais e são transportadas pela chuva para cursos d’água, e atingem o oceano,
onde acabam sendo engolidos por peixes, tartarugas e golfinhos, causando-lhes
em muitos casos asfixia.
Este problema é pior do que se imagina. Um estudo realizado
pelo professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
(USP), Aristides Almeida Rocha e pelo advogado Mario Albanese, presidente da
Associação de Defesa da Saúde dos Fumantes revela que duas bitucas de
cigarro provocam a mesma quantidade de poluição que um litro de esgoto comum.
Abaixo texto sobre a pesquisa, extraido do periódico GAZETA DO POVO.
PESQUISA MOSTROU COMO AS GUINBAS POLUEM
Na experiência conduzida pelos professores Aristides Almeida Rocha e
Mário Albanese nos laboratórios da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da
USP, 20 pontas de cigarro foram colocadas em um recipiente com 10 litros
de água e submetidas a um processo de agitação. A mistura permaneceu em
infusão por oito dias. Do líquido resultante, que apresentava coloração
amarelo-escura e forte odor de nicotina, foram retiradas amostras de
100 mililitros para análise da demanda bioquímica de oxigênio (DBO),
indicador que mede a poluição causada por matéria orgânica
biodegradável.
No processo de decomposição, micro-organismos como bactérias,
protozoários e fungos alimentam-se do material orgânico poluente e
consomem o oxigênio dissolvido no meio aquático. Quanto maior for a
demanda por oxigênio, mais prejudicada será a sobrevivência dos peixes e
de outros organismos aquáticos.
O esgoto doméstico, em geral, rouba o oxigênio da água em taxas que
variam de 300 a 600 mg/l. Na experiência com as 20 guimbas dissolvidas
em 10 litros de água, a DBO atingiu 317 mg/l. “Considerando-se que o
peso médio de uma bituca é de 0,5 grama e provoca uma DBO de 0,75 mg/l,
torna-se possível concluir que 2 bitucas ou 1 grama promove uma demanda
de oxigênio de 1,5 mg/l”, diz Albanese. “Esse valor corresponde à
poluição causada por um litro de esgoto doméstico”, conclui. Já o
filtro, que faz parte do toco do cigarro, resiste à biodegradação,
permancendo no solo e na água por 5 a 7 anos, sem se decompor.
Texto produzido por Ari Silveira - Gazeta do Povo
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